quarta-feira, 16 de maio de 2012

As coisas pequenas

Após o expediente, foi ao seu bar preferido, tomou sua cerveja.
Uma, duas, três ou cinco latinhas. Depois deciciu beber um whisky ou qualquer coisa que o fizesse esquecer de como sua vida era miserável desde que...

Desde de que o quê? Ele se pergunta.
Desde que subiu de cargo na empresa? Desde que comprou um apartamento no lugar mais badalado da cidade? Desde que comprou um filhote de gatinho para lhe fazer companhia? Ou desde que ela o deixou, e tudo isso que ele conquistou, não haveria ninguém com quem pudesse compartilhar...?
Sim, desde tudo isso que passou.

Quase todas os dias, após o expediente ia ao bar beber umas e logo depois se dirigia para casa, com o olhar triste e vazio, e chegava em casa, naquele apartamento grande, triste e vazio.

Ao chegar havia um gatinho manhoso querendo o cafuné e a comida do dia. Não havia muita louça para lavar, afinal de contas ele tomava o café da manhã na rua, almoçava na empresa e de noite raramemte comia em casa. Na pia, apenas uns copos e sempre os lavava nos finais de semana. A roupa, separava de sexta à noite para levar na lavanderia no sabado de manhã e buscar logo cedo, antes de ir ao trbalho na segunda.

Se fazia algum tempo que estava sozinho? Sim, quase um ano ou mais. Perdera a noção do tempo.

Se havia esquecido ela? Não, pensava nela todos os dias. E daí se fizesse tempo, um grande amor nunca é difícil de esquecer.

Se conheceu outra pessoa? Sim, conheceu gatotas e mulheres. Teve noites de amor em um canto qualquer da cidade, na casa delas ou em outro lugar. Nunca prestava atenção, numa tentativa de tirar ela da cabeça.

E ela? O que houve com ela?
Ela era rica de mais, boa de mais, bonita de mais, fofa de mais, inteligente de mais, cega de mais, muito de mais.
Ela se mudou para outro estado, se mudou para outro país, quase se casou, voltou ao país. A faculdade, o emprego, o dinheiro, a cobiça eram mais importantes do que achar a felicidade ou o amor verdadeiro.

Ele no entanto se tornou tudo o que ela queria.

Ela no entanto ficou sozinha, apenas com o seu emprego, dinheiro, cobiça e faculdade.

Ele procurou felicidade onde podia, ate encontrá-la sentada no banco do parque. Simples e bonita.
Era isso que procurava?
Sorriso no rosto, cabelo ao vento, olhos fitando o que seria um céu de aventuras e felicidade. Parecia que ele lia o que ela estava vendo, pensando.

E então, tudo o que aconteceu, as mulheres, a bebida, o apartamento, o emprego, o gato, coitado do gato, havia sido em vão, percebeu. O sofrimento não foi vão. Mas ali, naquele momento, percebeu que o tempo todo estava errado.

Aquela moça sentada no banco o fez perceber o quanto as coisas pequenas fazem a diferença.

Estacionou o carro, andou até o banco, se sentou ao lado da meiguisse em pessoa.

"Aceita um café?"


Um comentário:

  1. Bruno Arrivabene Neumann17 de maio de 2012 às 09:16

    Que lindo texto Nath, afinal, não estamos todos à procura deste alguém?

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