terça-feira, 10 de abril de 2012

Cantinho da Felicidade

Ligou chorando e pedindo arrego, pedindo colo amor e carinho.
Tocou uma vez, duas três, e atendeu.
A voz, o timbre, o silêncio. Tudo apaixonante. Um ''Alô'' cansado mas interessado a fez abrir um leve esboço de sorriso.
A conversa foi curta.
''Vai sair que horas da faculdade?'' ''Tarde... Por quê?'' ''Queria te ver hoje...'' ''Ok, passo na sua casa. mas faz um favor para mim?'' ''Sim'' (sim claro que sim, tudo por você... mas nao completou a frase) ''Não chora mais não tá?'' A voz trêmula, querendo confirmar tanto para ele quanto para ela mesma que pararia de chorar, que ficaria feliz, disse sem convencer a nenhum dos dois ''Ok. Vou tentar''
Telefone desligado, e as lágrimas correndo pelo seu rosto como se estivessem em uma maratona de 10k: sem parada.
Tudo parecia desmoronar quando fechava os olhos, tudo parecia doer no coração.
A noite passou arrastada, a prova passou em 10 minutos, o McDonalds trouxe com as batatas um fragmento de felicidade. Um fragmento bem pequeno.
Os pais preocupados a buscaram na faculdade, uns minutos de conversa pois viram que ela não queria uma conversa. Chegaram em casa, todos cansados de olhos inchados, e ela foi direto para o banho ver se lavava tudo aquilo, ver se todas as emoções os sentimentos a tristeza se esvaeceriam.
Tentativa falha. A água quente escorrendo pelo seu rosto e corpo nus, a fez querer se tornar água e ir embora ralo abaixo, a fez chorar mais ainda, sem saber discernir o que era água e o que eram lágrimas.
Campainha tocou, era ele. Era quem ela estava esperando o dia inteiro para ver, era ele quem a abraçaria e a faria se sentir em casa, se sentir no porto seguro.
Um pijama qualquer, os cabelos molhados presos de qualquer jeito, tudo na pressa só para poder ficar do ladinho dele.
Ele a esperava sentado no sofá, conversando com sua mãe. Ela se sentou no sofá ao lado dele, encostou a cabeça no peito dele e segurou o choro que viria. Abraçou ele... ele a abraçou da maneira que ela mais gostava. Um beijo na testa, outra na bochecha, outro no queixo e quando se viu ja estava toda beijada. Sorrisos e risadas lhe escapavam pelos lábios. ele com certeza sabia como deixá-la feliz. Ao parar por um tempo, ele via que ela choraria, mas ele nao permitiria isso. Não com ela. Fez cócegas, contou piadas, mostrou o jogo engraçadinho.
Ele a fez sorrir. Ele a fez feliz e nem percebeu.
Ela se deitou no seu colo, fez carinho e recebeu carinho. Para ela era como se só fosse ele para ela, e ela para ele. Como se não houvesse ex namorada, ex namorado. Era um para o outro. Como se todo o carinho que ele ivesse ele estivesse dando para ela, como se todo o amor que houvesse em seu coração estivesse sendo dado somente para ela. Finalmente se sentiu amada de verdade, amada por um homem de verdade, Finalmente se sentiu querida, se sentiu digna de poder dar o amor que tem e sente no coração.
Parecia que com ele nao havia motivos para se sentir triste. Mas logo se deu conta de que um motivo pelo qual ela poderia se entristecer era porque ele nao estaria com ela dali a poucos minutos.
Já era tarde, quase meia noite ''Preciso ir amor. Você deixa?'' ''Não'' ''Ok'' um abraço apertado, um beijo apaixonado, uma troca de olhares. Nossa, pensou, que olhos azuis lindos, que sorriso lindo, que barba por fazer mais convidativa, que HOMEM é esse, por quem me apaixonei tanto? Mereço tudo isso mesmo? Que lindo que lindo que lindo... ''te amo'' escapou dos lábios da garota. Um sorriso envergonhado, um beijo carinhoso. Se ela o merecia ou não, ela não tinha certeza mas sabia que era ele quem alegrava seu sorriso vazio, curava seu coraçao enfermo, colocava brilho no olhar opaco.
''Fica aqui, dorme comigo? Não vai embora não... vou sentir sua falta'' ele sorriu, deu-lhe mais um beijo e foram caminhando rumo ao portão, um passo menor e mais devagar que o outro. Mais um milhão de abraços e mais trilhões de beijinhos na bochecha na testa na boca, na trave. Olhares apaixonados os envolvendo naquele canto escuro da garagem, a mão na cintura segurando forte, como se nunca mais fosse soltar dela. ''Te amo'' "Também te amo''
Era tanto amor, tanto abraço, tanto beijo que se o mundo acabasse ali naquela hora não se importariam.
Ele abriu o portão, hesitando, não querendo ir embora. A rua estava deserta, so o carro dele parado. O frioda noite esfriando o calor entre eles, mas quanto mais ventava mais forte ele a abraçava.
Entrou no carro, abriu a janela. ''Vem embora comigo, dorme em casa? Não fica aí não, vem aqui, entra no carro, deixa eu te levar embora'' Os dois no mesmo lado da moeda. Vontade era o que não faltava, e o que nunca vai faltar.
Ele mostrou tudo o que ela estava precisando: mostrou que alguém precisava dela, que alguém a amava.
Mas seu momento, seu cantinho da felicidade, seu porto seguro estava indo embora. Ela segurava suas lágrimas para nao ter que chorar na frente dele. Percebendo isso ''Não chora. Por favor, fica bem? Eu amo você."
Ouvindo isso, e vendo-o ir embora era dificil ficar feliz, contando com tudo o que aconteceu no dia, no mês, no ano... mas respondeu com um sorriso ''Ok''
Ligou o carro, mas antes de ir embora ''Vem aqui, me dá mais um beijinho'' como nao ir? Como nao dar mais um beijinho? Ela sentiria falta dele como nunca pensou que sentiria um dia. Claro que ela foi dar mais um beijinho.
''Boa noite, dorme bem. Te amo''
''Boa noite, dorme bem também. E não esquece, eu também te amo''
E lá se foi o carro, o homem, a felicidade.
Foi embora, mas daqui uns dias já volta.

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